Em Maio de 1849 foi fundada a AEP - Associação Empresarial de Portugal (antiga Associação Industrial Portuense), com o objectivo de "desenvolver e aperfeiçoar a industria - instruir e educar as classes laboriosas - introduzir entre nós auxílio mútuo e o melhoramento da condição dos operários - e todas as vantagens legaes que a indústria possa obter d'uma tal reunião".
A Associação iniciou de imediato a sua actividade lançando o primeiro número de uma publicação de informação industrial e tecnológica, "O Jornal da Associação Industrial Portuense" e abrindo as portas, dois meses depois, da primeira instituição de ensino profissional portuguesa, a "Escola Industrial Portuense" pioneira do ensino técnico oficial instituído pelo governo no final desse ano.
Mas a acção da AEP não se confina, neste início de actividade, à informação e formação profissional. Dedica-se também a outros grandes empreendimentos que ficaram profundamente ligados à história da cidade do Porto e à da indústria portuguesa. Casos, por exemplo, do papel determinante da Associação no desenvolvimento do ideal mutualista, no estabelecimento de algumas instituições bancárias e no lançamento de feiras e exposições industriais.
Em 1854, cria a Caixa de Socorros Mútuos mais tarde designada Caixa de Crédito Portuense. No campo da actividade financeira, a AEP apoiou ainda a criação do Banco Aliança e de um banco hipotecário.
Ainda na sua primeira fase, a AEP teve também um capítulo histórico no domínio da organização de feiras industriais. Em 1856 é inaugurada, na sede da AEP, a primeira exposição permanente. Estes primeiros certames funcionariam como um excelente ensaio para a grande exposição de 1861, inaugurada no Palácio da Bolsa, na presença de D. Pedro V.
A actividade da Associação ao longo dos seus mais de 150 anos de existência tem-se centrado sempre nos diversos vectores de actuação estabelecidos nos seus primeiros Estatutos, atrás citados: a defesa dos interesses da indústria portuguesa, a divulgação de informação económica e tecnológica, a formação profissional e a promoção dos produtos e serviços portugueses.
Hoje é a maior associação empresarial de Portugal, com o estatuto de Câmara de Comércio e Indústria, desenvolvendo um amplo trabalho de apoio às actividades económicas portuguesas em áreas como a formação profissional, a organização de feiras e congressos, o apoio directo às empresas nas vertentes da informação económica, jurídica e tecnológica, a promoção da internacionalização da economia portuguesa e a defesa e promoção dos interesses da comunidade empresarial.
A AEP tem sido um parceiro privilegiado dos governos na discussão dos assuntos relevantes para o desenvolvimento da economia portuguesa, tendo assento no Comité Económico e Social Europeu. Os seus serviços em prol do desenvolvimento são reconhecidos nacional e internacionalmente, sendo Membro Honorário das Ordens do Infante D. Henrique e de Mérito Agrícola e Industrial (Classe Industrial).
Perfil
do Fundador -
José Vitorino Damásio
Embora
fruto da vontade e do esforço de muitos, a história da AEP -
Associação Empresarial de Portugal e da própria indústria nacional
têm um especial vínculo de gratidão a uma personalidade notável e
multifacetada: José Vitorino Damásio.
Nascido
na Vila da Feira (hoje Sta. Maria da Feira), em 1807, Vitorino Damásio
formou-se na Universidade de Coimbra em Filosofia e Matemática.
Foi
Lente da Academia Politécnica do Porto e engenheiro-director das Obras
Públicas do Distrito. Foi pioneiro na utilização do processo de
cilindragem e construiu a primeira draga a vapor, conhecida no País.
José
Vitorino Damásio fundou, com Faria de Guimarães, a Fundição do
Bolhão, onde se fabricou a primeira louça estanhada nacional.
Figura
simultaneamente discreta e marcante, Vitorino Damásio foi chamado a
Lisboa, onde desempenhou cargos como o de Reitor do Instituto Industrial,
director da Companhia das Águas e Director-Geral dos Telégrafos. Mas
Vitorino Damásio foi também militar. Nos exércitos liberais chegou a
General de Brigada e foi condecorado com a Torre e Espada pelo seu
comportamento durante o cerco do Porto.
Mas,
apesar de uma vida intensa e caracterizada pelo êxito, Damásio não
gozou da publicidade que outros, com menores méritos e menor dedicação,
conseguiram.
A
sua personalidade e o facto de privilegiar a eficácia em detrimento do
espectáculo não passou, entretanto, despercebida entre os seus
"pares" que a ele logo se referiram na primeira Assembleia Geral
da AEP com uma citação camoniana:
"...Eu
que desta glória só fico contente
que a minha terra amei e a minha gente".
Presidentes da Direcção da Associação Industrial Portuense / Associação Empresarial de Portugal
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Joaquim Ribeiro de Faria Guimarães 1852-1854
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José Frutuoso Aires de Gouveia Osório 1854-1855
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José Vitorino Damásio 1855-1856
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José da Silva Passos 1856-1858
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António Bernardo Ferreira 1859-1867
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Vicente Ferreira Pacheco 1868-1871
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Tomás António de
Oliveira Lobo 1872-1890
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Jacinto da Silva Pereira da Magalhães (1.º mandato) 1891-1893
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Adolfo da Cunha Pimentel 1893-1895
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Jacinto da Silva Pereira da Magalhães (2.º mandato) 1896-1897
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António Manuel Lopes Vieira de Castro 1897
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Francisco José Nogueira 1897-1898
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Alfredo da Fonseca Meneres 1898-1899
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Diogo José Cabral 1899
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António José Gomes Samagaio 1899-1901
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António Alves Calem Júnior 1901-1903
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António Francisco Nogueira 1903-1908
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António da Silva Marinho 1908-1910
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Henrique Carvalho de Assunção 1910
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Félix Fernandes de Torres 1910-1914
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Francisco Xavier Esteves (1.º mandato) 1914-1917
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Luís Firmino de Oliveira 1917-1918
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Francisco Xavier Esteves (2.º mandato) 1919-1937
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Mário de Sousa Drumond Borges 1937-1974
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Francisco de Nápoles Ferraz de Almeida e Sousa 1974-1982
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Jorge Adolfo Quintela de Almeida Ferreirinha 1982-1984
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António Luís Amorim Martins 1984-1985
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Ângelo Ludgero da Silva Marques 1985-2008
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José António Ferreira de Barros 2008-2014
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José Paulo Sá Fernandes Nunes de Almeida desde 2014

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